Média ainda está 13,8% abaixo
Veja e Época também têm queda
Jornais em banca na região central de Brasília; assinatura de impressos caiu em 2019
PODER360
31.jan.2020 (sexta-feira)
Saíram os números de circulação dos principais veículos de comunicação do país no ano passado. A tendência segue a mesma: os jornais têm cada vez mais assinantes para suas versões digitais e menos exemplares impressos.
O número total de exemplares (digitais e impressos) de 9 grandes jornais em dezembro de 2014 era de 1.712.424. Em dezembro de 2019, a cifra era 1.476.303. Houve queda de 236.121 (13,8%). Em suma, há 1 ganho via assinaturas digitais, mas a indústria de mídia jornalística ainda não se recuperou totalmente.
Folha, Globo e Valor publicaram reportagens festejando os resultados. Cada 1 usou as estatísticas da forma mais conveniente para o seu negócio:
- Folha – jornal destaca que ainda é o líder na soma de exemplares impressos e digitais na média mensal do ano (328.438 cópias), superior ao Globo (323.172);
- Globo – o diário do Rio prefere ficar com o número final de 2019. Declara-se líder na soma de impressos e digitais (333.773 cópias em dezembro contra 329.394 da Folha);
- Valor – o jornal de economia da família Marinho celebra o total de 107.219 cópias impressas e digitais em dezembro, declarando-se o 4º maior veículo em circulação online no país (81.222 por dia), pouco acima do gaúcho Zero Hora (que tem 79.793 assinaturas digitais).
3 jornais e 3 leituras: cada veículo encontrou 1 número positivo para divulgar os dados de 2019
PLATAFORMA DIGITAL
O valor cobrado pelos jornais ainda é modesto para quem deseja assinar e ter acesso às suas edições digitais.O preço cheio, sem promoções, só vale para assinantes que permanecem comprando o serviço. Mas os jornais têm oferecido inúmeras opções mais baratas e a auditoria do setor permite considerar assinante até quem tem 90% de desconto.
Os veículos jornalísticos divulgam de maneira esparsa suas audiências na internet, para os seus sites (que podem ser abertos ou fechados):
- Folha – a última estatística indica 34,3 milhões de visitantes únicos e 193 milhões de páginas vistas. Há 1 recuo sobre janeiro de 2019, quando Bolsonaro tomou posse e a Folha declarava ter 35,7 milhões de visitantes únicos e 231,5 milhões de páginas vistas;
- Globo – o diário carioca informa que em novembro de 2019 teve 27,7 milhões de visitantes únicos, o que teria representado “aumento de 25% em 12 meses, segundo dados da ComScore”;
- Estadão – em novembro passado, de acordo com a ComScore, o tradicional jornal paulistano registrou em seu site 16,7 milhões de visitantes únicos (recuou de 14% sobre o mesmo mês de 2018);
- Valor – o jornal especializado em economia divulga ter 5,3 milhões de visitantes únicos em seu site no final de 2019, aumento de 20% sobre a audiência de 2018. O “Valor Investe”, outro site separado e sobre finanças, teve 2 milhões de visitantes únicos em novembro.
REVISTAS EM QUEDA
A revista Veja perdeu 263.309 exemplares impressos e digitais até novembro de 2019, números mais recentes disponíveis. Isso equivale a uma queda de 32,8% sobre dezembro de 2018.Já Época, do Grupo Globo, teve redução de 334.837 cópias (67,1%). IstoÉ não é auditada pelo IVC e seus números não são conhecidos.Somadas, as perdas de Veja e de Época somam 598.146 exemplares a menos (46% de queda).É interessante notar, como mostra o infográfico a seguir, que as revistas perderam assinantes de suas versões impressas e digitais:
NOMECLATURA DA MÉTRICAO paulistano Folha de S.Paulo tem o hábito há décadas de divulgar seus dados diariamente na capa do jornal impresso. É o veículo mais transparente quando se trata de mostrar o tamanho de sua audiência.Observar a terminologia usada pela Folha é uma aula sobre como foi mudando a nomeclatura e a métrica para medição de audiência, como mostra o infográfico a seguir:
IVC MONITORA TIRAGEM
É muito importante levar em conta que a maior parte do aumento recente de assinantes digitais dos jornais se deu em 2018, quando o IVC (Instituto Verificador de Comunicação) mudou o critério sobre o que é “circulação paga”.
Em 2018 deu-se uma espécie de “pedalada” contábil. É que, em janeiro daquele ano, o IVC passou a considerar como “circulação paga” assinantes que recebem até 90% de desconto em relação ao preço de capa (eis o comunicado com o novo critério). Isso provocou 1 espetáculo do crescimento de assinantes digitais.
Os gráficos acima neste post marcam o momento em que houve o crescimento mais acentuado das tiragens dos jornais. Como é possível observar, o fenômeno não se repetiu com a mesma intensidade em 2019 –pelo menos não para todos os veículos.
No início de 2019, o IVC esclareceu ao Poder360 o que se passou por meio de seu presidente, Pedro Silva:
“Em janeiro de 2018, tivemos alteração dos valores máximos permitidos de desconto. Isso quer dizer que alguns assinantes que não pagavam o suficiente para serem considerados ‘circulação paga’ passaram a ser contabilizados. Isso explica o aumento expressivo de 1 mês para o outro e a não continuidade do crescimento nos meses seguintes”.
E de quanto pode ser o desconto? Segundo o documento do IVC datado de 1º de janeiro de 2018, no caso de assinaturas digitais, o abatimento passou de até 90% do valor cobrado das edições impressas.
Diferentemente de vários veículos nos Estados Unidos que são empresas abertas e com ações negociadas em Bolsa de Valores, no Brasil, os empreendimentos em mídia são fechados. Por essa razão (e não há nada de errado nisso), são pouco conhecidos os resultados financeiros –e o impacto que têm as assinaturas digitais, que crescem, mas resultam em faturamento não tão robusto como eram as vendas das edições em papel.
Fonte: Poder360