Jornal ANJ Online
13 Novembro 2019
Jornais diários de todo o mundo investem em estudo e planejamento estratégico para projetar qual é o melhor momento – e se é o caso – de migrar parcela ou a totalidade de suas edições impressas para o meio digital. Todos sabem que cada caso tem a sua peculiaridade, mas as experiências bem-sucedidas são acompanhadas de perto pelos publishers, em busca de aprendizado. Por isso, a palestra do Diretor de Marketing e Desenvolvimento da Rede Gazeta, André Furlanetto, foi bastante concorrida durante a Digital Media Latam 2019, realizada nesta semana no Rio de Janeiro. O jornal do grupo do Espírito Santo, A Gazeta, segundo o executivo, conseguiu uma conversão de 85% dos assinantes do impresso para o digital quando abandonou o papel em 30 de setembro, mantendo apenas uma edição impressa no fim de semana.
Furnaletto apontou a decisão de apostar, no meio digital, em um jornalismo qualificado, com notícias nacionais, mas muito voltado para o noticiário regional e local, fortalecendo sua identidade capixaba, aproximando ainda mais jornal A Gazeta de seus leitores. O diário busca, com isso, fortalecer e ampliar sua influência e se apresentar como referência de informações da região: a primeira fonte de notícias e os furos jornalísticos no estado, segundo a Associação Mundial de Editores (WAN-IFRA), organizadora do Digital Media Latam, encerrado nesta quarta-feira (13).
Dentro da estratégia, o objetivo é ser o principal jornal presente no cotidiano dos capixabas, abordando como as notícias nacionais e internacionais afetam a vida daquela população. “O desafio para a Gazeta é desenvolver uma melhor experiência digital com maior padrão de jornalismo, mesmo com audiência pequena”, disse Furlanetto.
Ele explicou como se deu o processo de digitalização do jornal com o programa T-Digital. Nesse processo, o Jornal A Gazeta restringiu a circulação da versão impressa aos finais de semana, com conteúdo mais aprofundado. Furlanetto destacou que, em pesquisas, o público ainda tinha um apego ao papel. Apesar disso, o jornal conseguiu converter 85% dos seus assinantes do impresso para o digital, antes da migração completa, com o auxílio da Caravana Digital: funcionários saíam de vans pelas ruas para explicar aos leitores a transição e convencê-los a assinar ou digital.
No ambiente digital, a Gazeta trabalha com o objetivo compreender quais as características do acesso ao portal. Assim, é determinado se um leitor é um potencial assinante para oferecê-lo um plano adequado. Na análise de perfis, quem está disposto a pagar pela versão premium vai ter acesso a conteúdos mais trabalhados e a opiniões de colunistas especializados, com uma experiência de ser mais bem informados com reportagens exclusivas.
Uso de tecnologias para melhorar a experiência em conexões lentas
No processo de digitalização do jornal, grupos de estudos foram formados para que esse processo fosse assimilado mais facilmente. A Gazeta fez uso de tecnologias para melhorar a experiência de navegação, inclusive algumas tecnologias oferecidas por empresas como o Google. Furlanetto citou como exemplo o AMP Ready, um otimizador de sites mobile em código aberto apoiado por grandes empresas de tecnologias e portais de notícias para carregamento rápido mesmo em conexões lentas.
Furlanetto contou que a equipe da redação precisou de treinamento intenso para também se adaptar às mudanças: “Criamos um novo fluxograma de horários e dinâmica da redação quando o impresso foi suspenso e se tornou digital.” A mediadora Luciana Cardoso, Diretora Digital do Estado de S.Paulo perguntou a Furlanetto como sua equipe reagiu às mudanças, e ele foi enfático ao respoder: “A mudança de cultura é o novo normal. Temos que continuar treinando constantemente para seguir à frente”.Texto editado a partir de reportagem de Mateus Garcia e Adriana Lorete (foto)/WAN-IFRA
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https://blog.wan-ifra.org/2019/11/11/jornal-a-gazeta-migra-do-impresso-para-o-digital-com-conversao-de-85-das-assinaturas